O grande poeta brasileiro Carlos Drummond, em um de seus brilhantes poemas de nome usado no título desse artigo, conclui que no solo tudo voltaria ser semente quando o sentimento da falta virar verbo de amar. Verbo, ou seja, ação, ato de amor.
O psicanalista francês Jacques Lacan foi preciso ao dizer sobre o amor: “amar é dar o que não se tem”. Em outras palavras, amar seria dar aquilo que nos falta. Mas vejamos: não exatamente um bem material. Amar seria dar os nossos próprios sonhos, nossos mais profundos e legítimos sentimentos que não haveriam de existir se não fosse o amor. E dar não necessariamente a alguém, mas sim dar-se num ato de reconhecer nosso mais puro desejo. Mas para reconhecer nosso verdadeiro desejo seria importante descobrir e assumir o que nos falta. Há pessoas que se negam durante toda a vida e muitas só descobrem isso fazendo psicanálise. E então percebem o quanto tempo perderam negando o próprio desejo. Aí, descobre que o que falta é a juventude. Mas tudo bem, o problema seria morrer sem descobrir a condição de desejante. O tempo passado não voltaria, mas o que resta passaria a ter muito mais sentido. Como disse o Drummond no poema, no ato de amar tudo tornaria a ser semente.
Para buscar uma vida mais plena, deveríamos descobrir a arte de amar. Como o poeta, que mesmo diante do papel ainda em branco, num sublime ato de amor, já oferta à amada o poema que ainda não escreveu.
Mas pra que serve mesmo o amor?
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