segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Pikenike da Madrugada



Reuní-me em um piquenike com meus fantasmas mais chegados.
Levei apenas meu bigode, papel branco e uma lata de ervilhas.

Levaram de tudo:
As Formigas dos relógios surreais do Salvador, um dos fantasmas;
Cervejas, alguns cigarros, memórias, traques pros sustos, lembranças bem sucedidas, sanduíches de traumas e papel, lápis e poesias.

As poesias, quase não lemos!

Os fantasmas são muito imediatistas, não suportam tamanha contemplação!!
Apenas minha lata se confundiu com a “metáfora “de Gilberto Gil, outro dos fantasmas.


As Cervejas, os “cigarros” e outros “cês” de Caetano rolaram o tempo todo....
Já as lembranças dos tempos bons...

Aquelas que, de tão boas fazem saudade no próprio presente, foi-ram muito aproveitadas..
Inclusive essas, tão docemente presentes, atomicamente foram atacadas pelo time das formigas.

O tempo pas’sourrealmente rápido.
Instantâneo como o Universo.
Nada sobrou do encontro, além deste, já não mais tão branco!!!!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

AS PRÁTICAS ‘PSI’


Vivemos um momento histórico particularmente interessante no que se refere às “PRÁTICAS PSI”. Curioso, pois já as praticamos incessantemente. Complicado, porque as usamos mas ainda não as entendemos nem as definimos e sempre as confundimos. Ainda não precisamos entender tanto sobre elas. Isso cabe especificamente aos profissionais da área. Assim como não necessitamos entender sobre arquiteturas e engenharias para morar em um prédio, nem sobre mecânica para dirigir um carro. No entanto, poderíamos, neste momento de início milenar, ter a ciência sobre essas áreas do saber. Ciência no sentido de estarmos cientes. Mas será que já estamos cientes e saberíamos definir e discernir as ‘PRÁTICAS PSI’?

Mantendo aqui uma uma compreensão simples e fundamentada, podemos pensar e definir como ‘PRÁTICAS PSI’ três diferentes corpos de saber e áreas de atuação profissional. São elas a PSIcologia, a PSIquiatria e a PSIcanálise. Respectivamente, seus profissionais são o PSIcólogo, o médico e o PSIcanalista. Cabe lembrar que ‘PSI’ é uma letra do alfabeto grego, que em nossa língua compõe a palavra ‘PSIQUE’ que significa ‘ALMA’. Isso nos leva a considerar ‘as ciências da alma’.

A PSIcologia (estudo da alma) todo mundo usa, fala sem pensar, mas ninguém sabe exatamente o que é. Se realmente soubessem, os profissionais da Psicologia certamente seriam ainda mais disputados, consultados e melhor destacados no mercado. Tal procura se daria por suas infinitas habilidades, possibilidades e êxitos de atuação. Entretanto, ainda não é o que acontece. Até porque muita gente erroneamente ‘se acha’ psicólogo e tende a dar ‘explicações psicológicas’ para tudo, mesmo sem nunca ter feito uma faculdade de Psicologia, que é uma graduação acadêmica longa, custosa e difícil de ser percorrida.
Ser Psicólogo está muito além de ser Alma. A própria Alma é apenas o instrumento, a bússola do Psicólogo, que pode trabalhar em qualquer lugar onde existam outras almas e relações humanas, sendo, sobretudo, um `educa-dor`. Assim, felizmente vemos em nosso momento um sério e estruturado trabalho da Psicologia se desenvolver, expandir e consolidar nas escolas, nas empresas, nos hospitais, nas maternidades, nos consultórios (PSIcoterapia), nos esportes, nas políticas e principalmente nas comunidades e no terceiro setor.

A PSIquiatria nada tem a ver com a PSIcologia. Quando sérias, podem trabalhar bem de mãos dadas. Mas são muito diferentes. A PSIquiatria é um ramo, uma especialidade dentro da Medicina. Qualquer pessoa, quando adoece, procura um médico. Se a doença é no pulmão, vai ao Pneumologista. No coração, ao Cardiologista. O PSIquiatra é o médico que estuda e trata o órgão químico cerebral, suas complicações e disfunções nervosas (fibrosas) e doenças, que muitas vezes podem interferir ou invalidar comportamentos e pensamentos, bem como todo um bem-estar físico. Aqui se faz muita confusão.
É um grande erro pensar que o médico atual dará conta das questões da alma. Teríamos aqui uma faceta de cunho orgânico. Daí, o uso de remédios, drogas psiquiátricas. Procurar o médico buscando cura para angústias e sofrimentos da alma poderia ser o mesmo que ir ao Cardiologista querendo curar-se das paixões do coração.
Ressalta-se que muitos médicos dedicam-se ao tratamento psicoterápico, especializando-se na cura pela palavra. O Próprio Dr. Freud veio da medicina. Mas neste ponto acaba havendo um distanciamento das medicações. Assim como a Psicologia, a Medicina é apenas uma faculdade. E aí pulamos...

Agora estamos na PSIcanálise. Aqui, lidamos é com o PSIcanalista, um profissional de longa, complexa e competente formação que pressupõe muitos percursos além de uma simples faculdade ou graduação acadêmica. Aqui sim, pela via única da palavra, lida-se com as questões existenciais da alma, com os desejos, angústias, gozos, sofrimentos, sonhos, paixões, amores, temores, prazeres e alegrias.
Hã pouco mais de cem anos atrás, antes das guerras, um senhor vienense chamado Sigmund Freud descobriu e buscou formalizar a noção de ‘INCONSCIENTE’. Um importante ‘Lugar da Alma’. Nasce então a PSICANÁLISE. Uma descoberta que mudou para sempre os rumos da humanidade...
Nesses cem anos a PSIcanálise, atravessando a vida cotidiana e se desdobrando pela Cultura, se desenvolveu muito. São três, sucessivamente, os importantes nomes e momentos da PSIcanálise: Freud, o pai, que a criou; a inglesa Melanie Klein, que desenvolveu uma psicanálise para as crianças através do brincar; e o francês Jacques Lacan, que ampliou a noção do Inconsciente, permitindo uma prática psicanalítica mais eficaz e moderna aos tempos atuais.
Fazer uma PSIcanálise é praticar-se, é experimentar-se e saborear-se através das próprias palavras.
Infelizmente, aqui no Brasil a PSIcanálise é uma prática onde o acesso ainda é elitizado, assim como à Cultura, Saúde e Educação. Apenas algumas pessoas têm condições sociais, culturais, intelectuais e econômicas para buscar e desfrutar a própria singularidade confortavelmente deitada em um divã.

Entretanto, os dias passam e as portas sempre se abrem para todas as almas...

Fabio Nunes martins da Costa

quinta-feira, 2 de julho de 2009

VASO VAZIO


Junte as partículas do si-mesmo,
Remontando-se ao avesso.
Ponha as flores para dentro e as sementes para fora,
Retorcendo a lógica da palavra salgada
Que pousa e flutua no doce vazio.

As palavras,
Tijolos e muros do si-mesmo
Absorvem parindo a possibilidade da alma,
Pulsando em retração.

O vaso está vazio,
Sem flores,
Pois as sementes estão mortas.

O tempo futuro se sufoca
No tempo passado.
Futuro desmontado pela nova possibilidade de remontar o passado...
Passado renovado pela nova possibilidade de revogar...

E assim,
Sob o caule da lógica faltante,
Há que se esgarçar nos galhos da vida,
Como macaco molhado,
Faminto e sedento..
À procura do nada.

sábado, 27 de junho de 2009

TEMPULÂNCIA

Os momentos passam
como se o tempo não existisse.

A vida sorri a cada momento
que o tempo está desistindo de se propor.

A cada lugar...
A cada Infância...

..e a cada perpetuar
que se consagra...

...em Petulância
...em Tempulância.


.

sábado, 20 de junho de 2009

Felicidade é ter saudade do presente!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

INCOMPLETUDE

Nada é por completo
Neste mundo inacabado.

Nem a visão de céu.
Nem a imensidão do mar.
Nem alegria.
Nem tristeza.
Nem poesia.

Mas a alma é completa:
Completa de faltas;
Completa de sonhos,
Pois o sonhar completa a falta
E assim amamos sonhar
Que a vida em si se completa
Em utopia a concretizar.

E hoje, vendo o céu
Que banhou o mar
E vendo a cidade cantar,
Venda as ilusões
Do mundo te suplantar.
Concretizando tua falta
E sentindo tu'alma sangrar.

Não queira, neste momento,
Ilusionar teu lugar.
Queira sim rechear tu falta
Bebendo teu sangue de amar...

Sem medo de afundar
Teu Eu se desloca pra vida.
No Real, lamba a própria ferida
Que castra tua vaidade ferida...

nem o saber..
nem o sentir..
nem o morrer..
nem existir...


.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA


As pessoas me perguntam:
- Como ter o delicioso gosto pela Leitura ?
Essa é uma pergunta com duas respostas!

Digo logo que a primeira e mais importante delas diz respeito unicamente aos olhos do próprio leitor. Sim, pois os olhos que estão lendo estão também funcionando como duas agulhas de tricô. Eles se unem à alma e passam a tricotar e bordar todos os tipos de riquezas. Riquezas da alma. Essas são tão importantes, que sem elas é impossível suportar e superar qualquer pobreza material. Mas os olhos do corpo são também os olhos da alma. E, como sabemos, toda alma chora, toda alma ri, gargalha e fantasia. Toda alma tem fome. Mas não fome de arroz, feijão, carne. Esses alimentos são para a fome do corpo. A alma precisa de outro tipo de alimento: desejo, sonho, amor. Talvez até um pouco de dor. Todos esses são importantes alimentos pra alma. Mas qual será o mais importante?

As pessoas dizem que o Criador, para aliviar a fome dos corpos das pessoas, multiplicou o Pão. O Pão deve ser o mais importante e nutritivo alimento para o corpo. Mas para a alma, o mais importante é a Palavra.

Palavra dita. Palavra ouvida. Palavra lida.
Os escritos nada mais são do que ‘hiper-ultra-super-mercados’ de palavras. Palavras de todos os tamanhos, pesos, cores e sabores.

Temos então respondido a primeira pergunta: para desfrutar o hábito da leitura é necessário ter olhos. Olhos na alma. Infelizmente muitas almas são cegas. Habitam um mundo de escuridão. E nele adormecem, alienadas. Apenas o corpo vive, envelhece e carece.

Eis a segunda resposta: é preciso ter uma alma. Uma alma viva, rica, cheia, colorida. Uma alma criança que saiba rir, brincar, criar e multiplicar as palavras!
.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

PRO FETO POETA

O Poeta não é rico
Porque escreve poesias:
O Poeta é rico porque é poeta.

A poesia apenas alimenta a dor
Que alimenta e amplia a alma.
E o pobre Poeta é rico
Porque sabe arder ao avesso
Felando o ardor..
Consumando o tremor..
Transmutando a paixão da dor
À crua e singela flor,
Sofrendo o mais tenro horror
A filtrar-se e encarnar o amor.

O Poeta é uma dupla ambigüidade
Que se tece sereno em crueldade
De matar-se em tensa idade
Ao conceber a saudade..
Ao plantar a nostalgia
Da ferida envelhecida
Dos dias em que se perdeu.

E a Poesia nunca se perde,
Pois o Poeta é uma eterna criança
Com cabelos brancos na alma.!


.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

FLOR FLUTUANTE

Recordo três borboletas:
Uma azul, que morava na boca do ar de verão;
Uma pintada, que bailava serena na cor da imensidão.

A outra era crua.
Gritava sua luz na escuridão.
Não sabia voar.
Não sabia brincar e
nunca se analisou.
Morreu de manhã,
num jardim de ilusão...

...

...Na sombra de um dia, ressuscitou.
Uma feliz lagarta virou!
É uma linda lagarta:
Mansinha, morena, macia.

Ainda não sabe voar,
mas agora canta baixinho e
baila morosa;
Brinca dengando em sua fantasia cremosa.

Seu desejo,
que grita nu em seu peito,
exala sua verdade
que a ensina a chorar...

Suas lágrimas, bailarinas,
penetram na terra e
mágicas se fazem ao brotar:
Eis que surge uma Flor que flutua,
provando a Lua
e o sabor do sonhar!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O Medo de Amar é o Medo de Ser Livre...

O título deste artigo, o mesmo que da linda canção de Beto Guedes, nos põe diante algumas palavras interessantes: Medo. Amar. Ser. Liberdade.

Todos os dias, de alguma maneira, acordamos ou somos acordados pela vida.
Mas há momentos em que não queremos abrir os olhos e ver o Sol. Temos Medo. Medo do mundo, da violência, dos gritos, dos silêncios e das faltas. Medos de si. Medos do Eu.
Ok, mas qual é o problema?
Quem disse que não podemos ter medos?

Já moramos na Infância. Talvez lá, naquelas casas, naqueles berços, tenhamos sido alimentados e amados. Mas hoje as moradias antigas nada são além de ruínas. Precisamos de outros lugares...

Para suportar a vida, fazemos algumas renúncias e recusas. Muitas vezes renunciamos ao amor pelo medo de vê-lo desmoronar... como aquelas casas. Aí, opta-se pelas ruínas antigas que ainda existem nos porões dos sonhos, mas que não mais nos protege do frio. Apenas nos cega diante do Sol. Diante do novo e da vida.

O tempo passa. Crescemos. Não deveríamos recusar o Presente. Não deveríamos temer o envelhecer. O Presente é o novo. É o teto a ser construído. É o tijolo a ser posto e pintado. É o chão com flores para fazer amor...
Mas o Presente é também a falta. A falta do passado. Daquelas paisagens. Daquelas pessoas. Daquelas casas...

Há que debruçarmos à janela com os olhos acesos e esperar em silêncio o sol teso acordar... E com a luz de seus acordes penetrar nas novas moradas que se erguem quando o amor nos faz semente ao luar.

.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A FALTA QUE AMA

O grande poeta brasileiro Carlos Drummond, em um de seus brilhantes poemas de nome usado no título desse artigo, conclui que no solo tudo voltaria ser semente quando o sentimento da falta virar verbo de amar. Verbo, ou seja, ação, ato de amor.

O psicanalista francês Jacques Lacan foi preciso ao dizer sobre o amor: “amar é dar o que não se tem”. Em outras palavras, amar seria dar aquilo que nos falta. Mas vejamos: não exatamente um bem material. Amar seria dar os nossos próprios sonhos, nossos mais profundos e legítimos sentimentos que não haveriam de existir se não fosse o amor. E dar não necessariamente a alguém, mas sim dar-se num ato de reconhecer nosso mais puro desejo. Mas para reconhecer nosso verdadeiro desejo seria importante descobrir e assumir o que nos falta. Há pessoas que se negam durante toda a vida e muitas só descobrem isso fazendo psicanálise. E então percebem o quanto tempo perderam negando o próprio desejo. Aí, descobre que o que falta é a juventude. Mas tudo bem, o problema seria morrer sem descobrir a condição de desejante. O tempo passado não voltaria, mas o que resta passaria a ter muito mais sentido. Como disse o Drummond no poema, no ato de amar tudo tornaria a ser semente.

Para buscar uma vida mais plena, deveríamos descobrir a arte de amar. Como o poeta, que mesmo diante do papel ainda em branco, num sublime ato de amor, já oferta à amada o poema que ainda não escreveu.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

RECEITA DE PSICANALISTA

Como poderíamos definir de forma clara e precisa a palavra: Psicanalista? Como um substantivo ou adjetivo Simples. Se interpretarmos o significado por um dicionário da Língua Portuguesa, o psicanalista é aquele que possibilita trazer ao céu da consciência a raiz dos sentimentos plantados no fértil solo do inconsciente. Entretanto, se simplesmente mudássemos um pouco tal indagação, poderíamos cair em um profundo abismo de complexas dúvidas que provavelmente dariam uma rasteira em nosso interesse de continuar pensando em tal solução: Como poderíamos definir de forma clara e precisa a substância desse profissional que propõe pensar a doce natureza dos sentimentos humanos?

A princípio, realmente poderia ser desinteressante perder alguns minutos de nosso valioso tempo de vida em busca de tal resposta se a compreendêssemos como única e objetiva. Mas talvez se concebêssemos tal réplica como algo ‘irrespondível’, estaríamos na trilha certa rumo ao descobrimento de nosso objetivo em questão: Como definir a substância do psicanalista?
Imaginemos uma receita de bolo de chocolate, onde a mistura e união de vários ingredientes comporiam um prazer tão absoluto em nossa língua que nos faria esquecer dos mais desprazeirosos obstáculos que barrassem a plenitude de nossa almejada felicidade. Antes de tudo, precisaríamos agraciar a nossa bondosa Mãe natureza todos os presentes ingredientes de nossa sobremesa em questão, desde aquela pitadinha de sal até a magnitude existência de nosso amado Cacau.
Mas vamos deixar as calorias escondidas em baixo da mesa e voltar à nossa já divertida pergunta inicial: Como definir o que é o tal psicanalista? Quais são os ingredientes que o compõe?
Infinitos. Mas alguns principais facilmente descritos: muitas páginas de livros ardorosamente estudadas; profundo amor ao ofício; uma certa pitada de talento; um bocado de sincera humildade para consigo ao perceber as próprias imperfeições e uma incessante busca de compreender a natureza do sofrimento e do gozo da misteriosa e divina Alma Humana. Depois de tudo isso misturado e posto na fôrma de um corpo, espera-se infinitos e apaixonados minutos maturando como paciente no refrescante forno do divã de seu próprio analista.
Um minuto! De forma alguma não podemos esquecer do elemento principal de tal produção ‘culturalinária’, que certamente corresponderia ao chocolate do nosso bolo: a História de sua própria vida.
Mesmo sem responder objetivamente a nossa pergunta inicial, pudemos pensar um pouco sobre essa complexa e natural substância que compõe o ´Cientista da Alma`. E se pegássemos o ingrediente principal desse legítimo profissional, veríamos sua singular e inconfundível presença em todos os seres humanos. Principalmente aqueles de já mais idade que muita cousa tem a contar: Todos os que vivem ou já viveram, foram totalmente donos e responsáveis pela História de sua própria Vida.

Convido então todos os Seres humanos a um objetivo final: Chegar à Quarta Idade sem sofrer da Saudade da antiga existência!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

CARTA AOS MACACOS

.
Não se vão sem degustar o puro destino maldoso!
A lua ainda não chegou...
A noite já falha.
E os galhos se passam sem exalar seu perder.

Não se vão sem degustar
A própria palavra,
De calar-se ao escutar a voz da angústia salgada
Que queima a saudade e esgota o saber.

Não se deixem ao se desejar,
Pois a gota de bile
E a fumaça pintada não queimam ao deitar:
Elas apenas derretem o peito
Gritando para a boca calar de mamar.

E o peito só dói
Porque gosta de rir.

Rir ao contrário do rio
Sem exaurir a corrente beleza.

A lua não chegou
E o rio já passou.
E a vida mata de sede
A natureza que o sonho encantou.

.